O CEADS disponibiliza texto sobre Curiosidades Dermatológicas.

Data: 20.05.2021

O Centro de Estudos e de Apoio a Dermatologia Sanitária – CEADS, disponibiliza o primeiro capítulo sobre Curiosidades Dermatológicas que foca “A Pele”
Como se forma a pele no embrião? Quando nascem os cabelos? E as unhas? Quanto cresce diariamente um fio de cabelo?
Essas e outras perguntas são respondidas no texto: Curiosidades Dermatológicas.

 

Ilustração: Franco de Rosa, Luiz Jorge Fagundes e Alexandre Chiea.

 

 

Este texto foi obtido do livro de Sampaio, Sebastião AP

Dermatologia/ Sampaio AP

Sampaio, Evandro A. Rivitti. 3ª ed. rev e ampl. São Paulo: Artes Médicas. 2007, p.29-35.

Parte 1 Pele Normal

Capítulo 1 Anatomia e Fisiologia

 

Definição de Pele:

A pele ou cútis é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio exterior.

A pele constitui-se em complexa estrutura de tecidos de várias naturezas, dispostos e inter-relacionados de modo a adequar-se harmonicamente, ao desempenho de suas funções.

A pele representa mais de 15% do peso corpóreo e apresenta grandes variações ao longo de sua extensão, sendo ora mais flexível e elástica, ora mais rígida.

A pele é dividida em três camadas tissulares:

A Epiderme: constituída de epitélio estratificado cuja espessura apresenta variações topográficas desde 0,04mm nas pálpebras até 1,6mm nas regiões palmo plantares.

A Derme: é a segunda camada tissular da pele, disposta imediatamente abaixo da epiderme , também denominada Cório. Na derme situam-se as estruturas vasculares, nervosas e as glândulas sebáceas, sudoríparas e folículos pilosos.

A Hipoderme: é a camada mais profunda, composto de tecido adiposo.

Toda a superfície da pele é composta por sulcos e saliências, particularmente acentuadas nas regiões palmo plantares e extremidades dos dedos, onde sua disposição é absolutamente individual e peculiar, permitindo, não somente sua utilização na identificação dos indivíduos por meio da datiloscopia, como também a diagnose de enfermidades genéticas, como Síndrome de Down, por meio das impressões palmo plantares, os chamados Dermatóglifos.

Embriologia da Pele:

Embriologicamente, a pele deriva dos folhetos Ectodérmicos e Mesodérmicos. As estruturas epiteliais, epiderme, folículos pilossebáceos, glândulas apócrinas, écrinas e unhas derivam do Ectoderma.

Os nervos, os melanócitos originam-se do neuroectoderma. Fibras colágenas, elásticas, vasos sanguíneos e tecido adiposo originam-se do Mesoderma.

No embrião de três semanas, a epiderme é constituída de uma só camada de células indiferenciadas.

Unhas: os primeiros elementos são detectados no dorso dos dedos do embrião por ocasião da 10ª semana de vida.

A espessura da unha varia de 0,5 a 0,75 mm e o crescimento é cerca de 0,01mm por dia, nas unhas dos dedos das mãos, denominados Quirodactilos, sendo mais lento nas unhas dos dedos dos pés, denominados Pododáctilos.

Pelos: o início da formação do aparelho pilossebáceo ocorre na 9ª semana de vida embrionária.

Os pelos são estruturas muito resistentes, suportando tensões de 40 a 160g. São flexíveis e elásticos, alongando-se 20 a 30% quando secos e até 100% quando embebidos em água.

Ciclo do Pêlo:

Fase Anágena: é a fase de crescimento,com duração de 2 a 5 anos no couro cabeludo.

Fase Catágena: nessa fase , os pelos regridem a 1/3 de suas dimensões. Duração de três a quatro semanas.

Fase Telógena: é a fase de desprendimento do pelo, com cerca de três meses de duração.

Quando se analisa o couro cabeludo, as seguintes proporções entre os cabelos nas suas várias fases, são encontradas: 85% na fase Anágena, 14% na fase Catágena e 1% na fase Telógena.

Admitindo-se 100 a 150 mil folículos pilosos no couro cabeludo e, considerando-se que cerca de 10% estejam em fase Telógena, por aproximadamente 100 dias, alguns autores consideram normal a eliminação média de até 100 cabelos por dia.

Quanto ao crescimento, as médias são de 0,4mm por dia, na região do vertex e 0,35mm por dia nas têmporas, sendo que o cabelo das mulheres crescem mais rapidamente.

Glândulas Sudoríparas écrinas: aparecem inicialmente nas regiões palmo plantares em torno da 14ª semana do embrião.

Estas glândulas encontram-se dispersas em toda a pele, existindo em maior quantidade nas regiões palmo plantares e axilas. São glândulas que desembocam na superfície através da epiderme.

A secreção sudoral écrina é incolor, inodora , hipotônica, constituída de 99% de água.

Em condições adversas de temperatura, a sudorese pode atingir a produção de 10 a 12 litros em 24 horas.

Glândulas Apócrinas: essas glândulas desembocam nos folículos pilossebáceos e não na superfície epidémica. Elas estão distribuídas em axilas, área perimamilar e região anogenital. Nas pálpebras, as glândulas apócrinas são denominadas glândulas de Moll e na mama, formam as glândulas mamárias.

Glândulas Sebáceas: essas glândulas estão presentes em toda a pele, à exceção das regiões palmo plantares. Admite-se que o odor produzido pela secreção apócrina decorre da ação de bactérias.

As primeiras Estruturas Nervosas da pele, ocorrem a partir da 5ª semana de vida fetal.

Os Melanócitos são evidenciáveis em torno da 11ª semana do desenvolvimento embrionário, tornando-se numerosos entre a 12ª e 14ª semanas.

Os primeiros Vasos Sanguíneos, aparecem em torno do terceiro mês de vida fetal.

As primeiras Estruturas Fibrilares ( fibras colágenas e elásticas), surgem do segundo ao quarto mês do desenvolvimento embrionário.

Composição da Epiderme:

A epiderme é constituída das seguintes camadas:

A Camada Córnea: que é a mais superficial;

A Camada Granulosa: em áreas de queratinização imperfeita, a canada granulosa pode estar ausente.

A Camada Malpighiana ou Camada Espinhosa, que contém os Desmossomos, que correspondem às pontes intercelulares.

A Camada Germinativa ou Basal: é a mais profunda das camadas da epiderme e é constituída de dois tipos de células, os melanócitos e a células basais.

Nas regiões palmo plantares, existe mais uma camada compondo a epiderme, é o Extrato Lúcido, situado entre a camada córnea e a granulosa.

 

Estrutura da Derme:

A Derme é um verdadeiro gel e possui três tipos de fibras: fibras colágenas, fibras elásticas e fibras reticulares. Esse gel viscoso da Derme participa na resistência mecânica da pele às compressões e estiramentos.

As fibras colágenas compreendem 95% do tecido conectivo da Derme. O colágeno é composto por diferentes tipos de fibras. Existem 13 tipos diferentes de colágeno.

Fibras Elásticas: é peculiar à espécie humana a grande quantidade de fibras elásticas na pele. Pelo seu maior teor de Elastina, as fibras elásticas são úteis na absorção de choques e distensões que se produzem na pele.

A Derme aloja estruturas anexiais da pele, glândulas sudoríparas apócrinas e écrinas, folículo pilossebáceo e o músculo eretor do pelo. Além disso, encontram-se na Derme, vasos sanguíneos, linfáticos e estruturas nervosas.

Inervação: os nervos sensitivos de algumas regiões corpóreas com palmas, plantas, lábios e genitais, formam órgãos terminais específicos, os corpúsculos de Vater-Pacini, responsáveis pela sensibilidade da pele à pressão.

Os corpúsculos de Meissner situam-se nas mãos e pés, especialmente nas polpas dos dedos. São específicos à sensibilidade tátil.

Os corpúsculos de Krause também chamados órgãos terminais mucocutâneos, pois ocorrem nas áreas de transição entre pele e mucosas, encontram-se na glande, prepúcio, clitóris, lábios vulvares, além dos lábios, língua, pálpebras e pele perianal.

Vasos Sanguíneos: em determinadas áreas, tais como sulcos e leito ungueal, orelhas e centro da face, o aparelho vascular cutâneo apresenta formações especiais , os Glomus. Estas estruturas estão ligadas funcionalmente à regulação térmica.

Vasos Linfáticos: são vasos revestidos por uma única camada de células endoteliais.

Músculos da Pele: a musculatura da pele, predominantemente lisa, compreende os músculos Eretores do Pêlo, o Dartos do Escroto e a musculatura da aréola mamária.

A contração do músculo eretor do pelo, devido à sua localização, produz a verticalidade do pelo, isto é Horripilação.

A musculatura estriada encontra-se na pele do pescoço (Músculo Platisma) e da face ( Musculatura da Mímica).

Estrutura da Hipoderme: também conhecida como panículo adiposo tem como função: depósito nutritivo de reserva, isolamento térmico e proteção do organismo às pressões e traumatismos externos.

Funções da Pele:

Proteção: a pele é a barreira para as estruturas internas do organismo à penetração de agentes externos de qualquer natureza e, ao mesmo tempo, impede perdas de água, eletrólitos e outras substâncias do meio interno.

Proteção Imunológica: a pele , graças às células imunologicamente ativas presentes na derme, atua intensamente na imunidade celular e humoral. Hoje, a grande quantidade de testes imunológicos, bem como práticas imunoterápicas são estudadas na pele.

Termoregulação: graças à sudorese, constrição e dilatação da rede vascular cutânea, a pele processa o controle homeostático da temperatura orgânica.

Percepção: por meio da complexa e especializada rede nervosa cutânea, a pele é o órgão receptor sensitivo do calor, frio, dor e tato.

Secreção: a secreção sebácea ( Sebum) é importante para a manutenção eutrófica da própria pele, particularmente da camada córnea, evitando a perda de água. Além disso, o Sebum tem propriedades antimicrobianas e contém substâncias precursoras da Vitamina D.

A camada córnea ainda apresenta as seguintes propriedades:

Impermiabilidade: relativa à água e eletrólitos, evitando perdas hídricas e eletrolíticas, bem como evitando a penetração de substâncias exógenas.

Resistência: relativa aos agentes danosos corrosivos.

Alta Impedância Elétrica: a qual restringe a passagem da corrente elétrica através da pele.

Superfície Seca: a qual retarda a proliferação de microrganismos.

Quimicamente: representa uma membrana limitadora à passagem de moléculas.

Outro aspecto da função protetora da pele , está no obstáculo à ação da radiação ultravioleta, graças às unidades epidermo melânicas, produtora e distribuidora da melanina através da epiderme.

A principal função da melanina e proteger a pele das radiações ultravioletas do sol, pela absorção da energia irradiante. Os melanócitos não só absorvem como também difundem as radiações ultravioleta.

O controle da produção da melanina é exercido por três fatores ambientais:

Genético: o qual explica variações raciais e patológicas como o Albinismo.

Ambiental: este fator interfere através da quantidade de energia radiante ambiental e pele interferência de substâncias químicas sobre a pele.

Hormonal: destacam-se os hormônios da Hipófise e da Epífise, estimuladores dos melanócitos.